sexta-feira, 11 de julho de 2008

O Não-Lugar de Alguma(s) Vida(s)...

"Às vezes penso que devia ir pra um outro mundo, um lugar distante, em que a comunicação ou a linguagem não fossem possíveis...
Tento dosar as dores e medir as cores, mas nada indica alívio, remédio, convívio...
Tudo me lembra o oceano dos teus olhos, as estrelas do mar, do céu e do ar... é como se uma onda de luz impedisse a visão, bloqueasse a razão, liberasse a paixão...
A força do cálculo não resiste ao sentido, ao belo, ao amor... tudo se resumiria em números, mas não somos números... tudo se reduziria em classificações, mas não somos classificáveis...
Não quero para mim um mundo em que as pessoas são trocadas por rótulos, representações, opiniões...
Sou demasiado humano para viver sem vida, amar sem amor, morrer sem dor...
Que venha o tempo e faça a minha vida, só não me venha o relógio a contar-me as horas, os dias, as noites... não há tempo mecânico: o tempo é humano, não uma máquina...
Se não há mais flores, cores, sabores, o que está por trás do fim do mundo? Onde estão as pessoas, ternas, fraternas, humanas...? O que fazem escondidas, que não querem que saibam o que se pensa, onde se quer chegar, quem se quer amar...?
Simples demais sair deste mundo, abandonar tudo, partir ao desconhecido, como se nada estivesse em jogo, ninguém estivesse vendo, tudo fosse resumido ao meu instante, ao meu pensar, ao que EU quero...
Vida não é vida sem o outro. Não adianta querer impor, postergar, exigir, ter rigor... importa pensar que do lado de lá há outro, há vida, sonhos, esperanças, dores, amores, temores...
Não quero ser um filho da puta, que muito fala e nada faz, nada muda... quero pra mim um mundo palpável, possível, belo, humano...
Para o sentido de tudo isso, não há caminho, saída, resposta... acho que 'foi o seu olhar, o que me encantou, quero um pouco mais, desse seu amor...' (Seu Jorge)."

3 comentários:

Juriká disse...

LINDO, cara!

Anônimo disse...

“Sou demasiado humano para viver sem vida, amar sem amor, morrer sem dor... Que venha o tempo e faça a minha vida...
(...) Não quero ser um filho da puta, que muito fala e nada faz, nada muda... quero pra mim um mundo palpável, possível, belo, humano...”

Pô... muito lindo mesmo... é isso que é VIDA... vida leve!! Essa coisa bem piegas... ridiculamente sentimental!! É a vida que quero pra mim e pros meus...

Anônimo disse...

Guarda os pulsos pro final... Tu vais precisar deles para as tais "pulserinhas vip".