sábado, 29 de agosto de 2009

IBCCRIM e os seminários acadêmicos

Passado o congresso do IBCCRIM, concluo o que já tinha quase como uma certeza: eventos em formato gigantesco são importantes e necessários, mas, academicamente, não me agradam mais como agradavam há pouco tempo.

Explico: são importantes e necessários, sem dúvida, pois disseminam, em uma sociedade em que o número de estudantes é cada vez maior, posições e opiniões de importantes pesquisadores e profissionais da área. E se no direito, como sabemos, o número de estudantes (do qual faço parte) e de faculdades chega a ser espantoso, como poderíamos ter acesso ao que andam pensando e estudando os nomes mais conhecidos da nossa área? Apesar de achar plenamente possível fazer despertar no aluno o interesse pela temática por outros meios, pergunto: melhor seria deixar de fazer o evento a fazê-lo nesse formato? Continuo achando, portanto, que os congressos "entra mudo - sai calado", apesar dos pesares, têm lá a sua importância...

No entanto, em termos acadêmicos, são eventos realmente limitados: além do painelista falar por pouco tempo (às vezes, atravessa um oceano inteiro pra falar por 45 minutos e ERA ISSO!), ele ainda não tem aquilo que considero o mais importante na academia: o contato com o pensamento alheio e a possibilidade de estabelecer um diálogo entre os participantes. Qual a graça de preparar uma apresentação sem ser questionado a respeito do que se está pensando/falando? Como podemos aprimorar as nossas ideias se não somos, literalmente, inquiridos pelos participantes?! Além disso - e de vários outros poréns - como podemos conhecer mais proximamente o que os outros pesquisadores e professores estão estudando se, quando temos a chance de encontrá-los, não nos é oportunizado o diálogo nas mesas de debate ou, ainda, um espaço específico para apresentação de trabalhos e pesquisas (como as humanas fazem há DÉCADAS)?!

Parece-me que, além de um forte evento de massa, a se realizar periodicamente (o do Ibccrim e o que tivemos na PUCRS semana passada são belos exemplos de eventos maiores), é indispensável estabelecer momentos acadêmicos de verdadeira troca de ideias e conhecimento, com número limitado de participantes (fazer o quê?!), apresentação de pesquisas, espaço para debates, publicação dos trabalhos (publicá-los em um site, por exemplo, sai praticamente de graça) e muitas outras atividades que possibilitam um maior contato com o trabalho alheio e os respectivos pesquisadores... O Salo já fala disso há bastante tempo, e pude presenciar evento (vide post anterior) em que ficou muito claro pra mim que necessitamos, com urgência, seguir os moldes, por exemplo, dos Seminários Abertos de Criminologia, do Doutorado do PPGCCrim (de iniciativa do próprio Salo), como tivemos no primeiro semestre desse ano - e que se repetirá, em breve, no Mestrado.
[Em setembro (dias 28 a 30), outro evento, específico sobre justiça restaurativa, será realizado na PUCRS (sala 1035, prédio 11) nos mesmos moldes dos Seminários Abertos. Desde já, sintam-se convidadas/os.]

Contudo, ainda assim vale a pena participar desses eventos maiores, mesmo que sem a possibilidade de um maior diálogo com os painelistas: Amilton Bueno de Carvalho, renovando algumas questões e reiterando outras, expôs muito bem a importância de não nos aquietarmos jamais diante das questões que nos incomodam, por mais que alguns ainda teimem em dizer que elas não ocorrem; e o Salo, que continua a nos desafiar a cada evento de que participa como palestrante, a nunca assistir a uma repetição de uma palestra sua! É engraçado isso, mas já devo ter assistido, por baixo, umas 1000 palestras, bancas e aulas do Salo, mas não me lembro de DUAS em que ele tenha dito a mesma coisa! Pode ser que em aula diga uma coisa e, num evento próximo, fale algo PARECIDO - o que, convenhamos, é NATURAL - mas nunca tem a fala igual! Além de grande parceiro e incentivador, de quebra ainda conseguiu tocar o terror em nós, juristas, para uma plateia repleta de... JURISTAS! Do caralho, Salo!!

Apesar das limitações (acadêmicas) do evento do Ibccrim, valeu a pena ter participado, pois além de ter conhecido e reencontrado grandes pessoas (Caio Cezar, Davi, Lili, Roberta e várias outras), ainda pude assistir à premiação da Raffa e algumas excelentes palestras. Além, é claro, de um grande evento que realizamos, por iniciativa própria, na quinta-feira à noite...

6 comentários:

Pandolfo disse...

Iêêlalaialaaa... Lalaialalaialalaia... Iuuahummmmmm...

Unknown disse...

Velho, nao vejo com tanto otimismo estes eventos (estilo IBCCRIM).Aliás, se observarmos os valores envolvidos num evento desta dimensao (ex: iscriçao p/estudantes), nao conheço muitos estudades que possam se deslocar ate SP, pagar a inscriçao, hospedagem e alimentaçao... Sinceramente, tambem nao me parece que exista grandes preocupaçoes com a disseminaçao de temas e pesquisas. Me parece que a grande maioria está lá para o banquete. Claro que ainda temos algumas pessoas com boas intençoes.

Achutti disse...

é bem por aí mesmo, Quinho! Abraço!!

Marcelo Mayora disse...

O que eu quero saber é o seguinte: e a balada?

Caio disse...

Valeu pelo autógrafo, Daniel!

De um modo geral, gostei do evento. Mas 40 minutos para a exposição é muito pouco mesmo!

Outro ponto fraco é, realmente, a impossibilidade do diálogo. O TEMPO sempre atrapalhava.

Prazer lhe conhecer. Abração!

Pandolfo disse...

O Quinho é foda.
Banquete!! hahahaha
De platonismo o esquema está cheio... hehehe