quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Sobre anos novos, promessas e sonhos...

Todo ano novo é aquela coisa: um monte de promessas de mudança, de renovação, de esperança, etc. Mas, no dia 2 de janeiro, tudo volta a acontecer como no ano anterior, como se a noite de 31 de dezembro e o feriado de 1º de janeiro fossem dias suspensos no tempo, em que o mundo deixa de ser real e passa a ser apenas uma bola habitada por pessoas banhadas por magia e ansiosas por tomar alguns porres...
Entra ano, sai ano, e estamos sempre a ouvir as mesmas queixas, as mesmas dores, as mesmas promessas: é tão difícil assim mudar alguma coisa concretamente? É tanta gente reclamando SEMPRE da MESMA COISA, que me coloco a questionar se eu também não acabo reclamando sempre das mesmas coisas...! Sim, pois diante da minha surpresa de pessoas que SEMPRE reclamam disso e daquilo (aliás, tenho evitado algumas pessoas ultimamente, dada a previsibilidade da conversa e da certeza do aborrecimento de ouvir sempre a mesma coisa), fico ainda mais preocupado em saber do que EU ando reclamando, pra ver se não estou a repetir essa gente toda...
Mas o pior é que essas coisas estão, quase sempre, ao alcance dessas pessoas: na ESMAGADORA maioria dos casos, é sempre algo que pode ser mudado com uma simples palavra, um simples email ou ofício, uma atitude mais enérgica ou a superação de alguns medos! Mas, todos os dias, lá estão elas de novo, trazendo a mesma pergunta de sempre, a mesma inquietação do ano retrasado, e o mesmo quadro patético sobre uma situação que está, invariavelmente, ao seu dispor...
Enfim... resta-nos pensar se aquilo que questionamos e que gostaríamos de mudar não está, de fato, ao nosso alcance: pensar sobre nós mesmos em uma perspectiva crítica é sempre difícil - e, não raro, doloroso. Talvez seja por isso que inicio este ano tentando mudar as mesmas coisas do ano passado...

2 comentários:

Moysés Neto disse...

É verdade. A esperança da mudança depende só de um piscar de olhos. Mas, para isso, é preciso que admitamos (nosso) real em toda sua dificuldade.

Juriká disse...

Poucas coisas mudam. Poucas pessoas têm vontade de mudar. É muito difícil entrar em crise. É muito difícil livrar-se dos mecanismos de defesa contra si mesmo. Ironicamente a mudança está quase uma dimensão metafísica.
Bom, falando em ano retrasado, há dois anos eu fui orbigado pela Instituição de Ensino Superior a assistir audiências de diversas matérias jurídico-morais. Numa delas o excelentíssimo desembargador proferiu a bela imagem: "as coisas não podem, assim, simplesmente, mudar!" Uma sentença kafkiana.