segunda-feira, 30 de junho de 2008

Yamandu Costa em POA!


Esta noite, no Salão de Atos da Ufrgs, tive a oportunidade de assistir ao show de lançamento do CD "Tokyo Session", do Yamandu Costa, gravado ao vivo (em estúdio) no Japão em 2005. Cada dia melhor, ele consegue se superar a cada nota, a cada arranjo, a cada improviso...

A harmonia entre os integrantes do trio impressiona: parece que o som sai de apenas uma pessoa, e não de 3, tamanho o entrosamento entre eles. Além de Yamandu, compõem o trio Thiago do Espírito Santo (contrabaixo) e Edu Ribeiro (bateria).

Não é à toa que o cara toca em todos os cantos do mundo: ele abusa do violão com uma facilidade que beira o absurdo! Não dá pra acreditar!! Sem falar na capacidade de improvisação, que merece ser muito destacada: não dá pra saber, em momento algum, qual vai ser a nota seguinte! Até tentamos imaginar, mas o cara sempre "sai pela tangente", e de uma forma totalmente harmônica e genial! Daí a importância do entrosamento entre os integrantes do trio: se eles não se entendessem, queria ver um acompanhar o outro nesses devaneios...

Fora de série!! Quem puder assistir, que não perca a chance!

sábado, 28 de junho de 2008

O "Efeito" Mendes

http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a2008552.xml&template=3898.dwt&edition=10158&section=807

Eu li a reportagem e depois fiquei me perguntando: o que o jornaleco ganha com esse tipo de matéria? Proteção especial na esquina da Ipiranga com a Érico Veríssimo? "Blindagem" de seus carros nas tais "abordagens"? Não entendi... acho que sou muito ingênuo pra essas coisas...

Típica palavra de um país totalitário, quando as pessoas realmente não podem circular sem serem obrigadas a uma abordagem policial "de rotina", o verbo da vez é abordar. Mas o mais engraçado é a estatística que comprova, de forma cabal, o "efeito Mendes":

"Há 18 meses, quando foi alçado ao segundo mais alto posto da Brigada Militar, o coronel Paulo Roberto Mendes convivia com uma marca histórica de furto e roubo de carros no Rio Grande do Sul: 92 veículos levados, em média, a cada dia.
Foi do oficial a ordem para que a corporação reagisse. Como estratégia principal, aumentar o número de abordagens.
De 9 mil motoristas parados por dia, em média, a BM saltou para um desempenho seis vezes superior - 55 mil abordagens a cada 24 horas. Resultado: os roubos e furtos de automóveis desceram para 82 ao dia."

Resumindo: em uma complexa operação mental de causa-e-efeito, leva-se o leitor desatento à conclusão de que a redução de 10,86% nos roubos e furtos de automóveis é resultado da enérgica e exemplar postura do Xerife! Brilhante!! Novas precauções dos motoristas, utilizar estacionamentos, adoção de novos métodos antifurto, dentre outras várias possibilidades concretas de ação por parte dos cidadãos realmente não devem ter interferido nessa redução...

O problema não é nem fazer esse raciocínio (curto, grosso e falacioso), mas considerar as pessoas como meros objetos, que estão à espera da solução milagrosa que, inexoravelmente, deverá vir do sujeito. Ou seja: de nada adianta as pessoas pensarem sobre a questão e adotarem novas atitudes, pois tudo, absolutamente TUDO é feito pelos órgãos públicos, nossos protetores leais e fiéis, que nos censuram com todo amor, para lembrar de Legendre...

E o dado também chega a ser meio estranho: redução de 92 para 82 carros roubados ou furtados por dia. Toda redução já é um bom sinal, mas não podemos justificar métodos e ações apenas com base em números, sob pena de legitimarmos muita merda histórica que já foi feita pelo iluminado ser humano. Além do mais, não podemos ignorar que uma variação de 10% em qualquer dado estatístico pode ter inúmeras, infinitas causas. Chega a ser ridículo ler uma reportagem dessas e chegar a acreditar que esses métodos (antiquados, autoritários e ilusórios) realmente produzem o efeito esperado. Evidente que algumas pessoas serão presas (afinal, "todos somos criminosos", já dizia Zaffaroni), e foragidos eventualmente são recapturados. Evidente! O que não dá pra querer é pensar que o tal "efeito Mendes" serve para alguma coisa...

ENGODO!

segunda-feira, 23 de junho de 2008

O Não-Lugar... ou seria O Lugar?!

Quando se criminaliza tudo, as conseqüências são as mais diversas possíveis! Dentre elas, algumas inesperadas e, talvez por isso mesmo, absolutamente cômicas!

Fico imaginando como vai ser no carnaval, quando todos, eu digo TODOS os motoristas sairão bêbados dos bailes e festas de carnaval: onde será que vão "tirar a água do joelho"? As autoridades já devem estar providenciando banheiros químicos para colocar nas delegacias de todo o país. É esperar para ver...

Enquanto os banheiros não vêm, em Porto Alegre, o pessoal está dando um jeito: http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default2.jsp?uf=1&local=1&source=a1947864.xml&template=3898.dwt&edition=10012&section=67

quinta-feira, 19 de junho de 2008

"Puberdade", de Edward Munch (1895)


Não tenho muito o que dizer. Cada um tem que olhar e pensar o que achar melhor. O cara era foda...

quarta-feira, 18 de junho de 2008

O Não-Lugar da Prisão Preventiva


Qualquer semelhança provavelmente não é mera coincidência...

terça-feira, 17 de junho de 2008

O Não-Lugar da Exclusão

É engraçada a tentativa de vínculo entre movimentos sociais e criminalidade que esse jornaleco tenta fazer... impressiona a infantilidade na forma de aborgadem (causa e efeito).
Será mesmo infantilidade? Acho que eles são é muito vivos, isso sim...

Algumas observações
:
(a) tudo feito sem a presença de advogado, claro! Não sou corporativista, mas é patético achar que a presença de juízes e promotores serve como garantia de que a coisa será feita da melhor forma possível. O advogado também não garante muita coisa, mas pelo menos está, assumidamente, ao lado dessas pessoas e em condições de defender os direitos de seus assistidos. A notícia de que a juíza que prolatou a decisão esteve por lá, conversando com os integrantes do movimento, é verdadeiramente um alento! Tomara que essa sensibilidade consiga se expandir para outras/os magistradas/os, para que compreendam a função eminentemente humana que exercem. E que sirva também aos promotores e advogados, lógico;
(b) não estou contestando a decisão judicial, que mandou retirar as pessoas daquele lugar. Não estou falando disso! Estou querendo enfatizar a postura absolutamente patética da reportagem. Ainda que simpatize com praticamente todos os movimentos sociais, não desconheço que pecam em alguns sentidos...
(c) o último parágrafo da reportagem me causa calafrios toda vez que o (re)leio... esse tipo de abordagem não beneficia nem o dono das terras! Evidente que parece uma reportagem comprada, daquelas encomendadas, tamanho o desprezo pela inteligência de um leitor mais atento... mas em se tratando de mídia, e de mídia de amplo alcance como o jornaleco em questão, parece mais um caso de absoluto despreparo jornalístico...
(d) pelo fato dos movimentos sociais não possuírem reconhecimento jurídico, eles só conseguem isso mesmo: a porrada do direito, e de preferência do direito penal... repito: não estou falando dessa ou daquela decisão, mas do ordenamento jurídico como um todo! Uma pena que seja mais um grave e complexo problema social que recebe esse escamoteamento público... sempre o bendito (ou seria maldito?) direito penal que acaba sendo chamado pra "resolver" essas coisas... Eu tenho é pena dessa sociedade das penas...

"Alteridade e Ética"


"Alteridade e Ética", obra comemorativa dos 100 anos de nascimento de Emmanuel Levinas, organizada pelos amigos e professores Ricardo Timm de Souza, André Brayner de Farias e Marcelo Fabri. Porto Alegre: Edipucrs, 2008.

O Não-Lugar da Minha Vida

O Não-Lugar se dispõe a pensar, criar e subverter. Espaço para devaneios de filosofia, direito, política, futebol, arte e assuntos afins, nele queremos expressar algumas de nossas angústias, nossos anseios e tudo mais que possa interessar àqueles que não estão mais dispostos a aceitar a eventualidade da vida de forma passiva e asséptica. Só não me venham com aquele papinho de "pulseirinhas VIP" que certamente nos entenderemos...

Antes de buscar respostas, estamos atrás de novas dúvidas. As certezas deixamos para o Lugar... Não temos regras. Não criamos padrões nem modelos. Queremos justamente os antipadrões, as antiregras e os antimodelos. Queremos, em suma, mais antimanuais!

Como diria Neruda, "acho que não nasci para condenar, mas para amar". Se a vida é feita de flores, eu não sei. O que sei é que mais vivemos de dores e de temores antes que de amores. Esperamos criar, aqui, o não-lugar da vidinha encantada do condomínio fechado, da plasticidade mecânica do pensamento unitário, da monotonia privada da vida blindada, do sabor velado da cerveja sem álcool e da imposição diária do terror legitimado.